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06/09/2018 - Setor privado faz do Brasil uma referência no descarte de embalagens de agrotóxicos

Sistema de coleta e destinação final dos invólucros é mantido graças à parceria entre indústria, distribuidoras e produtores rurais

 
Com suas bases regulamentadas por lei no ano 2000, exatamente uma década antes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a logística reversa de defensivos agrícolas no Brasil se tornou uma referência para outros países. Segundo dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), 94% das embalagens plásticas primárias de agrotóxicos, aquelas que ficam em contato direto com o produto, têm destinação ambiental correta. Do total de materiais usados para embalar defensivos, que incluem papelão e lata, 80% passam pela logística reversa.
 
Mantido pela indústria do setor, o inpEV atua como núcleo de inteligência do Sistema Campo Limpo, como é chamado o programa nacional de logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas, criado em 2002. Desde então, mais de 493 mil toneladas de invólucros utilizados no setor deixaram de poluir o meio ambiente – em torno de 91% são reciclados, e os outros 9%, incinerados.
 
O agrônomo Eunimar Correa Araújo, diretor de marketing da Cultivar, distribuidora de defensivos agrícolas sediada em Formosa (GO), trabalha há 35 anos com produtos que combatem as pragas nas lavouras. Ele afirma que o êxito da implementação do Sistema Campo Limpo se deve à organização de produtores rurais, distribuidores e indústrias, que dividem a responsabilidade pela correta destinação das embalagens.
 
"Após o uso da embalagem, o agricultor é responsável por lavá-la três vezes. Nesse processo, ele coloca o resíduo do defensivo dentro do próprio tanque de pulverização. Depois, perfura a embalagem para evitar que seja utilizada de outra forma", explica o agrônomo, a respeito do processo inicial da logística reversa.
 
Ao comprar o defensivo, o produtor rural recebe uma lista de endereços, impressa em nota fiscal, para os quais pode devolver os invólucros e receber um documento que prova, em caso de fiscalização, que fez sua parte no processo.
 
"O ponto de recebimento é de responsabilidade das distribuidoras", diz Araújo. "Esse local tem de ter licença ambiental e estar cadastrado para receber as embalagens adequadamente. As empresas distribuidoras têm optado, na sua maioria, por disponibilizar os postos de recebimento por meio das suas associações, para evitar que cada empresa tenha que montar um posto próprio e arcar sozinha com os custos."
 
Na ponta final, de responsabilidade das indústrias de agrotóxicos, o recolhimento nos postos de coleta é coordenado pelo inpEV, e o material é direcionado para centrais, que se encarregam da reciclagem ou da incineração das embalagens usadas.  
 
Ao todo, o Sistema Campo Limpo conta com 300 postos fixos de coleta e 111 centrais de processamento, além de 4,9 mil recebimentos itinerantes, para agricultores que estão localizados em locais mais distantes.
 
"Na minha opinião, o sistema é referência mundial pela sua capilaridade, possível apenas por causa da corresponsabilidade entre os setores. Se não fosse assim, não funcionaria", diz Eunimar Correa Araújo. "Tudo isso foi feito pela iniciativa privada. A única parte que envolve os órgãos públicos é a fiscalização, mas o investimento é do agricultor, que gasta para ir até os postos de recebimento, das distribuidoras, que cuidam dos postos; e da indústria, que mantém o inpEV. Tem dinheiro de todo mundo, menos do governo", finaliza o agrônomo.

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