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Mulheres na Contabilidade (II): um campo aberto na universidade e no mercado de trabalho5min tempo de leitura

Associadas do GBrasil falam sobre qualidade e atratividade da carreira

Um ambiente que não discrimina mulheres pela possibilidade de engravidar ou qualquer outro fator, assim é o mercado de trabalho na área de Contabilidade, conforme contam empresárias da área ligadas ao GBrasil. Homens e mulheres dividem, em geral, igualmente as cadeiras dos cursos de Ciências Contábeis e também de muitos escritórios.

Mais de 209 mil mulheres e cerca de 149 mil homens estavam matriculados em Ciências Contábeis em 2015, de acordo com o Censo da Educação Superior. Elizangela de Paula Kuhn, diretora executiva da De Paula Contadores (GBrasil | Foz do Iguaçu – PR), conta que, em função de seu trabalho no Conselho Regional de Contabilidade, visitou muitas universidades, e viu claramente o que está registrado nas estatísticas. ” A imensa maioria das salas de aula são de mulheres no curso de Ciências Contábeis. O interesse por elas nesta área é cada vez maior”, declara a associada.

Susana Souza, diretora da Sercon Serviços Contábeis (GBrasil | Aracaju – SE), ressalta que a dedicação das mulheres aos estudos, “sempre buscando qualificação”, aliada à presença destas profissionais no mercado “têm mudado o rumo da classe contábil”.

Dolores Biasi Locatelli, diretora da Eaco Consultoria e Contabilidade, chama a atenção para este movimento de mudança nas salas de aula nos cursos de Ciências Contábeis, quando as mulheres começaram a superar o número de homens. “E assim, indo para o mercado de trabalho, foram galgando espaço pela própria competência. Hoje, a Contabilidade conta com muitas mulheres como donas de empresas contábeis, como gestoras. A área contábil é, sim, um ambiente muito propício para o perfil feminino.”

As mulheres são 42,77% dos contadores no país, segundo dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), referentes a 2019. Em 2013, elas eram 33,9% e, em 1996, esta participação estava em 27,45%. Dolores fala um pouco sobre este movimento ascendente. “Com certeza, até muitos anos atrás, o trabalho de contabilidade era exclusivo, vamos dizer assim, dos homens. As mulheres faziam a parte mais burocrática do trabalho, os homens é que exerciam esta função e que tinham os seus registros nesta competência, ou seja, no CFC. A partir dessa mudança do perfil das mulheres no trabalho, as mulheres passaram a buscar o curso de Contabilidade.”

Dolores acredita que, até pelas aptidões, as mulheres se adaptaram muito bem a esta profissão. A especialista explica que a atividade contábil não é apenas de execução, mas também interpretativa, e exige bastante atenção aos detalhes, como saber verificar o tipo de receita, despesa e investimento.  Por isto, segundo Dolores, o perfil mais detalhista geralmente observado em muitas profissionais mulheres também favorece a presença feminina neste mercado. “Se você verificar os dados dos escritórios contábeis, a grande maioria são de mulheres”, diz a associada.

Há 42 anos trabalhando no escritório de Contabilidade, Dolores observa que o fato da mulher engravidar, por exemplo, nunca foi um empecilho para discriminação na hora de contratar profissionais nesta área.  “Por exemplo, uma situação de contratar um homem em detrimento de uma mulher por possível maternidade, eu nunca me deparei, percebi ou observei que fosse uma restrição ao trabalho da mulher.”

Camila Coelho, diretora da Marpe Contabilidade (GBrasil | Fortaleza – CE), conta que sua empresa tem aproximadamente 80% do corpo de colaboradores formado por mulheres. “Os principais cargos da empresa são ocupado por nós mulheres. O mercado também está mais receptivo à contadora. Mas, vez ou outra, ainda passo por algumas situações em que claramente estou sendo testada”, pondera Camila.

Rebeca Cavalcanti, diretora comercial da RC Assessoria Contábil (GBrasil | João Pessoa – PB), também destaca a contratação expressiva de mulheres em sua empresa. Em uma diretoria formada por cinco pessoas, três são mulheres. Ela conta que, em um processo seletivo feito com auxílio de um profissional da Psicologia, as mulheres acabaram ganhando no perfil de colaborador que foi montado para preencher as vagas.

“Todas as nossas últimas contratações, em sua maioria, foram de mulheres, pela competência que elas apresentaram em todas as entrevistas. Vejo até vagas de emprego só para mulheres, até para estágio, em uma linha até um pouco sexista, de que a mulher é mais minuciosa, mais cuidadosa, e então pode trabalhar melhor na Contabilidade porque vai prestar atenção”, analisa Rebeca.

Elizangela reforça que analisa muito mais o perfil do que o gênero do profissional na hora de realizar uma contratação, apesar de verificar que um perfil detalhista e de análise da mulher conta, podendo ainda somar a um perfil mais objetivo de alguns homens. “Há uma soma nisto. Também, na área de Recursos Humanos, a sensibilidade da mulher, uma maior facilidade de ser empática, de se colocar no lugar do outro [contam]. Por vezes, nos processos de seleção, a mulher leva alguma vantagem.”

O que mais importa mesmo, acredita Elizangela, é o fato de que cada vez mais as mulheres estão assumindo gerências e direções das empresas de serviço contábil. Ela ainda vê um longo caminho a se percorrer nisto, mas também enxerga bons exemplos de proprietárias e gestoras de escritórios de contabilidade e de empresas de auditoria. “Isso é muito legal de ver, a gente espera que cada vez aumente mais a presença de mulheres nesses cargos , essencialmente de poder de decisão”.

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